Diário de uma mulher em crise

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Nem sempre nem nunca

Nem sempre nem nunca

Na verdade, sempre que me perguntam como sou, não sei responder. E faz-me confusão quando alguém sabe, na ponta da língua, descrever-se.

Apenas porque eu não sou. Vou sendo. Sou, mas sou muitas coisas. Dependendo da circunstância, do que está envolvido.

Por ser tantas coisas, ainda me surpreendo, agora, na curva dos 40.

 

E ainda sou o que fui em muitas coisas e deixei de ser o que era noutras. Porque mudei, sim. Mudei o que achava que devia mudar. Mudei e larguei na berma da estrada muitas coisas que era e que me faziam mal. Da mesma forma que larguei sentimentos e pessoas. E na verdade, nada disso me faz falta. Pelo contrário. Há coisas que se deixam num momento qualquer sem remorso. Foi o que fiz. Não me senti mal por isso. E nunca tive vontade de olhar para trás.

A essência não muda. Pelo menos não acredito que mude. Há sempre um aspecto nosso que se mantém toda a vida, a alma, a essência, o que somos no fundo, onde faz eco.

Deus, sempre tem mais para nos dar, que nós para Lhe pedir.

 

Durante muitos anos coloquei a profissão como prioridade. Hoje, acredito que ter um trabalho é importante, mas antes dele, encontra-se tudo aquilo que o ordenado nunca pode comprar.

Acreditei que havia amigos para sempre. E há. Mas a vida vai moldando as nossas vidas e as saídas nocturnas dão lugares aos filhos e as confidências dão lugares a desabafos. E as presenças são agora telefonemas.

E tudo muda. E somos amigos em igual medida, mas de forma diferente.

Por educação suportei conversas que não me interessavam. Ouvi pessoas a falarem mal de outras. Lamúrias de coisas sem qualquer importância. Pessoas que se faziam de vitimas. Mas nunca ouvi as que sofriam chorarem. Só depois, quando já não sofriam é que, num dia ou noutro, desabafavam.

Hoje, não perco tempo com pessoas pequenas, dei lugar às grandes. E digo que, os meus amigos são as melhores pessoas do mundo. Os mais lindos, os mais completos, os mais equilibrados.

Hoje não faço fretes de socialização.

Se antes não me incomodava o que podiam pensar, hoje, nem tão pouco me dou ao trabalho de ouvir os diz que disse. Não quero saber, pouco me importa, não me interessa.

Sim, nós mudamos. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". É isso mesmo.

Não sou sempre nem nunca. Não por ser uma coisa e parecer outra. Não... apenas porque vou sendo.

Mas há uma coisa que mantenho: quando gosto, gosto para sempre. Mesmo que já nem goste.

 

 

Como confissão: eu disse que não sabia responder como sou... 

 

Confessado por:Mulherde30